Contemplar o tempo
Sê-lo e sê-lo
Sem saber
Por isso despertamos
Para isso adormecemos
Entre nossas pegadas
E o dia em que retornaremos ao útero terrestre
Vagamos cheios de doçura e amargor
Assistimos ao espetáculo do mundo
Perdidos, dançamos.
O homem louva a seus dias abrindo os olhos
O cão louva a seus dias permitindo o carinho do Sol
Cão-homem
Homem-cão
Talvez seja revolução
Deixar-se ferir pelo incompreensível
Por ele, se deixar curar
Lutar é revolucionar
Porém já se foi a ignorância
Com um sorriso e uma flor
Então o tempo observo
Assombrado com a vontade de abandonar palavras
Ouvir presságios do vento à pele
Tornar o mar o gigante pacífico
Ninguém disse que precisaria entender
E entender é este momento e só
Tão somente momento
Melodia criada ao esbarrar dos corpos
É vazio não mais que forma
É forma não mais que vazio
O mestre cujo espírito
Casou-se com o Universo e suas ocultas leis
Em que lugar obscuro esquecemos a
Simplicidade?
Ou as mãos que revolvem terras
Erguem construções imensas
Para homens verdadeiramente grandes?
Ser a mudança que se quer no mundo
Questão de ser e
Ponto.
Não quero me afogar em interrogações
Não quero muitas coisas
Muitas coisas não me querem
Mas quando esquecer
Encontrar
Daí fazer, refazer, reformar...
Uma prece, um movimento e pronto:
Ali, como tempo
Contemplo o que foi feito.
Raoni
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