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27 de dezembro - fechamento do mutirão, algumas reflexões

Sexta-feira, 27 de dezembro de 2013. Ultimo dia do Mutirão, e, para mim, um dos últimos dias no Aramitan, depois de um ano morando aqui.
Como já é tradição, fizemos uma roda de reflexões, onde se misturaram risadas, lembranças, lagrimas e abraços. O fechamento de um mutirão sempre me leva a refletir sobre que é Aramitan, que força traz para os jovens, e o que deixa no mundo. E lembrei de uma historia de Eduardo Galeano, na qual um velho foi para o céu, e, ao ver o mundo de acima, viu que as pessoas eram um mar de fogueirinhas.

“Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.”

E pra mim, Aramitan e uma explosão de fogueirinhas. Num mutirão, Aramitan pega fogo e vivemos, por algumas semanas, envolvidos em fogos artificiais. Contagiamos-nos dos fogos locos, vivos, coloridos, jovens e cheios de energia dos outros participantes. Nossos fogos se revitalizam, brilham com todas suas forças, e ficamos com vontade de sair a prender fogo o mundo.
E o mundo, as vezes, ameaça com apagar nossos fogos. Joga-nos baldes de água gelada, nos disse que nossos fogos estão brilhando errado, que não e suficiente, ou que é demais, ou da cor errada. Mas vir a Aramitan sempre me cheia de energia para sair a acender fogo o mundo.
O 2013 foi, provavelmente, o ano mais intenso da minha vida. O mais fácil, o mais difícil, o ano em que conheci a pessoas incríveis, me encontrei com velhos amigos, fiquei longe de casa, mas construí um novo lar. Apr
endi uma nova língua, conheci mais o mundo, me conheci mais a mim mesmo, teve certezas, para depois duvidar, para depois voltar a ter certezas, para depois voltar a duvidar, para entender que não tem formulas mágicas, que não tem respostas únicas, e que o mundo o construímos entre todos. De que existem muitos mundos sobrepostos e interligados, e que o mundo é um só.
O 2013 esteve cheio de desafios e momentos difíceis, e teria sido impossível fazê-lo sem as pessoas que estiveram a meu lado todo esse tempo, com os que fico imensamente grato. A equipe brasileira: Este, Tallita, e tantos outros que, entre o estudo, o trabalho e a distancia, sempre acharam um tempo para dedicar a Aramitan. A Santiago, que confio em mim, e me convidou a ser parte de esta aventura meio loca. E a meus dois irmãos argentinos, Fran e Maggi, que me aguentaram todo o ano, que me acompanharam, com os que aprendi, e aos qual estou eternamente grato.


Manuel Aguilera
28 de dezembro de 2013. Aramitan, Embu-Guaçú, São Paulo, Brasil, o Mundo

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